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Médico examina mulher para prevenir arritmia na gravidezO período gestacional é um momento de muita alegria para as futuras mães. Nessa fase, diversas mudanças ocorrem no organismo da mulher. O aumento do volume sanguíneo, da frequência e do débito cardíacos, além das oscilações na pressão arterial e do automatismo supraventricular, são variáveis que geram sobrecarga cardiovascular. Essas alterações hemodinâmicas que ocorrem na gestação podem descompensar cardiopatias existentes ou deflagrar problemas cardíacos até então ocultos. Embora a grande maioria das arritmias na gravidez seja benigna e não relacionada à cardiopatia estrutural, a arritmia associada à doença cardíaca possui pior prognóstico.

Dito isso, é fundamental avaliar o sistema cardiovascular das gestantes durante o pré-natal e excluir as chances de desenvolver uma doença cardíaca estrutural. Nessa circunstância, a arritmia na gravidez pode ocorrer, entretanto, é benigna e de bom prognóstico como é o caso da extrassístole, arritmia mais frequente na gestação. Veja a seguir perguntas e respostas práticas sobre cardiopatia e arritmia cardíaca gestacional.

Arritmia na gravidez é perigosa?

Depende. Como dito acima, a grande maioria dos problemas cardiovasculares na gestação são benignas, principalmente porque a grande maioria das gestantes não possuem cardiopatia estrutural. Extrassístole supraventricular é uma arritmia comum no período gestacional e não confere maior risco materno-fetal. Quando a arritmia na gravidez está associada à doença cardíaca há maior preocupação tanto pela dificuldade no manejo medicamentoso da arritmia, quanto pela possibilidade de descompensação da cardiopatia de base.

Quais são os principais sintomas da arritmia na gravidez?

  • Palpitação, batedeira, taquicardia;
  • Desconforto no tórax;
  • Cansaço.

Quais os principais exames realizados para o diagnóstico da arritmia na gravidez?

  • Eletrocardiograma;
  • Holter de 24 hs;
  • Ecocardiograma;
  • Exames de sangue. 

Quais as consequências da arritmia na gravidez?

Como a maioria das alterações cardiológicas na gravidez são benignas não há consequências graves. Sintoma de palpitação pode ser desconfortável, contudo, não implica em pior prognóstico materno-fetal. Por outro lado, arritmia associada à cardiopatia estrutural pode implicar em:

  • Mortalidade materna;
  • Malformações do feto, como a restrição no crescimento, por exemplo;
  • Parto prematuro;
  • Alterações vitais do feto;
  • Risco de perda do líquido amniótico por conta do rompimento prematuro da bolsa.

Quais são as principais arritmias cardíacas gestacionais?

A principal arritmia na gravidez é a extrassístole supraventricular, comum em gestantes sem doença cardiovascular prévia. Outras arritmias podem ocorrer, principalmente quando há cardiopatia estrutural. Cito a seguir alguns exemplos:

  • Fibrilação atrial, Flutter atrial, taquicardia atrial: aumento da incidência dessa arritmia na gravidez de mulheres portadoras de valvopatias, sobretudo valvopatia mitral, cardiopatia congênita e síndrome de Eisenmenger;
  • Taquicardia ventricular: arritmia mais grave, relacionada a miocardiopatias e cardiopatia congênita complexa;
  • Bradiarritmia: são arritmias em que há redução da frequência cardíaca. Muitas delas com atraso e até bloqueio da condução do estímulo. Em casos mais avançados há necessidade de marca-passo.

Quem tem problema no coração pode engravidar?

Depende de qual problema. Problemas leves sem repercussão funcional não são proibitivos. Ainda hoje, muitas mulheres que possuem cardiopatia estrutural engravidam sem saber da sua condição cardiovascular e com as mudanças hemodinâmicas citadas acima, descompensam o sistema cardiovascular durante a gestação. As que já possuem o diagnóstico devem fazer planejamento familiar e serem orientadas adequadamente. Mulheres com prótese valvar mecânica devem ser desencorajadas a engravidar, por isso, na escolha da prótese em mulheres em idade fértil que necessitam de troca de valva deve-se optar pela prótese biológica. A seguir, veja a lista de cardiopatias que contraindicam formalmente a gestação:

  • Insuficiência cardíaca avançada;
  • Cardiopatia isquêmica com angina limitante;
  • Valvopatia não corrigida com insuficiência cardíaca;
  • Síndrome de Eisenmenger;
  • Cardiopatia congênita cianótica não corrigida;
  • Hipertensão pulmonar;
  • Síndrome de Marfan com aneurisma de aorta;
  • Arritmias: arritmia ventricular complexa descompensada, bloqueio atrioventricular total não protegido com marca-passo definitivo.

Qual a via de parto escolhida nas parturientes com arritmia na gravidez?

Na maioria das vezes em que não há cardiopatia estrutural grave a via de parto segue a indicação obstétrica, com maior preferência para o parto vaginal com auxílio do fórceps de alívio. Já nas cardiopatas mais graves, descompensadas, muitas vezes em estado clínico crítico, a via mais adequada é a cesariana com anestesia geral.

A gravidez é uma fase muito aproveitada pelas mães, que muitas vezes se recordam do período com carinho. Contudo, para que o momento seja vivido na sua plenitude é fundamental que a mãe seja acompanhada por um cardiologista para diagnosticar cardiopatias subjacentes e tratar a arritmia na gravidez de maneira ágil, efetiva e com humanismo.

Fontes:

Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) do Ministério da Saúde;

Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC);

Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC);

Hospital do Coração (HCor);

Hospital Israelita Albert Einstein;

Condutas Práticas em Cardiologia, Manole 2010.

Em casos de emergência        (11) 95960-9698