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Imagem: Shutterstock

O edema agudo dos pulmões é uma das principais causas de insuficiência respiratória aguda nos serviços de emergência. Embora o edema seja pulmonar, a causa é majoritariamente cardiovascular devido a sobrecarga aguda imposta ao músculo cardíaco. Um coração normal pode sofrer injúria aguda e evoluir para edema pulmonar e também um coração doente pode descompensar e causar de edema agudo dos pulmões.

O aumento das pressões cardíacas reflete no aumento das pressões dos vasos pulmonares, o que chamamos de hipertensão veno-capilar pulmonar. Esse mecanismo fisiopatológico faz com que haja extravasamento de líquido dos vasos para o tecido pulmonar. É como um transbordamento de líquido inundando os pulmões e principalmente os alvéolos pulmonares. Na prática podemos entender como um afogamento em que a presença de líquido em excesso nos pulmões impede o bom funcionamento pulmonar, levando a insuficiência respiratória. No edema agudo dos pulmões esse processo é de instalação aguda.

O diagnóstico da doença é clínico e não deve demorar mais do que poucos segundos. A história é objetiva e caracterizada por falta de ar intensa no repouso e de aparecimento repentino. Da mesma forma o exame físico, que é preciso e caracterizado por sinais de insuficiência respiratória com aumento da frequência e do trabalho respiratórios, uso de musculatura acessória e queda da saturação de oxigênio. Além disso a ausculta pulmonar é bem rica com ruídos definidores do diagnóstico. É comum o aparecimento de uma secreção espumosa e rósea pela via aérea, vista geralmente quando há necessidade de intubação orotraqueal.

As principais causas de edema agudo dos pulmões são:

  1. Emergência hipertensiva – o aumento excessivo da pressão arterial impõe ao coração grande sobrecarga, que repercute nos vasos pulmonares levando a hipertensão veno-capilar pulmonar aguda e edema agudo dos pulmões. Pacientes com hipertensão reno-vascular ( obstrução das artérias renais )  tem maior risco para edema agudo dos pulmões e se apresentam em emergência hipertensiva.
  2. Infarto agudo do miocárdio – o dano miocárdico pela isquemia e necrose dificulta o bombeamento de sangue, aumentando a pressão dentro do coração levando a hipertensão veno-capilar pulmonar aguda e edema agudo dos pulmões.
  3. Disfunções valvares – danos valvares agudos com insuficiência valvar ( endocardite infecciosa, ruptura de cordoalha no prolapso da valva mitral, infarto com necrose de músculo papilar ), danos crônicos com complicações agudas, também levam a hipertensão veno-capilar pulmonar aguda e edema agudo dos pulmões.
  4. Insuficiência cardíaca – esses pacientes já vivem no limite da adaptação. Um coração que não bombeia o sangue adequadamente pode descompensar por diversas razões e acumular mais líquido do que comporta e evoluir para edema agudo dos pulmões. Um coração que tem a força de contração preservada, mas que não relaxa direito, trabalha no limite de pressão dentro das cavidades e qualquer sobrecarga aguda adicional pode evoluir para edema agudo dos pulmões.
  5. Insuficiência renal – o acúmulo de líquido no organismo devido ao mal funcionamento renal pode contribuir para o aumento da pressão cardíaca e levar hipertensão veno-capilar pulmonar aguda e edema agudo dos pulmões, principalmente em paciente que já possuem problemas cardíacos associados. E isso não é incomum.
  6. Arritmias – algumas arritmias que se apresentam com alta frequência podem fazer o coração trabalhar mal e levar à hipertensão veno-capilar pulmonar aguda e edema agudo dos pulmões, principalmente em cardiopatas.

Alguns exames complementares são importantes para o diagnóstico e tratamento da causa primária. Eletrocardiograma, radiografia de tórax, exames laboratoriais e o ecocardiograma são suficientes. Em casos de infarto agudo do miocárdio o cateterismo é obrigatório.

O arsenal terapêutico para o tratamento do edema agudo dos pulmões é preciso. Iniciamos com a monitorização do paciente ( telemetria, manguito de pressão arterial e oximetria ) e a punção de uma veia periférica. Suporte ventilatório mecânico com máscaras de ventilação não invasiva e utilização em modo CPAP é fundamental. Por vezes intubação orotraqueal é necessária. Diurético ( Furosemida ), vasodilatador ( nitratos ), morfina, inotrópicos ( remédios que aumentam a força de contração do coração ), são os medicamentos mais utilizados. Após diagnóstico da causa, deve-se realizar a terapia específica. No infarto agudo do miocárdio o cateterismo para realizar angioplastia é a terapia padrão. Já na insuficiência renal a hemodiálise é obrigatória. Nas disfunções valvares, a cirurgia cardíaca é a solução na maioria dos casos. Nas arritmias, a cardioversão elétrica ( choque ) é mandatória.

Infelizmente ainda nos deparamos com notícias desagradáveis como essa da semana passada ( junho de 2017 ) “ RIO – O jornalista Jorge Bastos Moreno, colunista do GLOBO, morreu à 1h desta quarta-feira, no Rio, aos 63 anos, de edema agudo de pulmão decorrente de complicações cardiovasculares.”, e sabemos que isso ainda continuará ocorrendo diariamente. Portanto, prevenir as doenças cardiovasculares, tendo bons hábitos, controlando as comorbidades e acompanhando com o médico periodicamente são as melhores atitudes que podemos ter para evitar esse grave problema.

Em casos de emergência        (11) 95960-9698